sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Maravilhoso



"Aquela sua capacidade de tocar surpreendia as pessoas. Os ingénuos pensavam que ele era tão conhecido porque era uma espécie de mostrengo hábil, que apesar de tudo tinha conseguido tornar-se um bom pianista. A verdade é exactamente o contrário. Era um enorme pianista e aquele corpo frágil e em miniatura podia fazer esquecer as notas devido ao seu tamanho bizarro. Corria sobre o banco do piano, acompanhando as mãos. Um calo ósseo impedia-o de estender os braços e então saltitava no banco do piano alcançando as oitavas altas e saltando para tocar as oitavas baixas. Vê-lo tocar, muitas vezes dava a impressão que premir as teclas fosse para ele como escalar uma montanha a grande velocidade e perseguindo todas as emoções das vertigens. A sua música tinha chegado ao coração de milhões de pessoas, os seus concertos eram eventos por toda a parte, mas ele gostava de aceitar convites em lugares sem glamour. O jazz devia chegar a todos. (...) Mas Michel Petrucciani morre no dia 6 de Janjeiro de 1999.(...)Michel nunca tinha pensado que ia morrer tão cedo. Porque não amava só a música - a propósito dela dizia que o único verdadeiro talento consistia em amá-la tão perdidamente que tocava dez horas por dia e tinha a impressão de ter tocado dez minutos. Michel Petrucciani amava a vida" in A Beleza e o Inferno, Roberto Saviano

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